O Concílio de Constantinopla (381)
Em 379 o ocidental
Teodósio tornou-se imperador do oriente, ele era fielmente niceno em suas
crenças e resolveu acabar com o arianismo de uma vez por todas. Para este fim,
convocou um concílio, que se reuniu em Constantinopla de maio a julho de 381.
Foi o concílio totalmente
dos Pais capadocianos, os Gregórios estiveram ambos presentes ao concílio.
Gregório de Nazianzeno desempenhou um papel importante, embora isto encerrasse
sua carreira como bispo. As heresias que os capadocianos haviam enfrentado
foram rejeitadas no concílio, de acordo com seu ensino.
O resultado do concílio
foi a produção do que hoje é conhecido como o “Credo Niceno”, como com o Credo
do Concílio de Nicéia, ele parece ser um credo oriental local com acréscimos
polêmicos.
Nós cremos em um Deus, o Pai todo poderoso, criador
do céu e da terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis;
E em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito filho de
Deus, gerado do Pai antes de todas as eras, luz de luz, verdadeiro Deus de
verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma substância com o Pai. Por ele todas
as coisas foram feitas. Por nós homens e para nossa salvação ele desceu dos
céus, foi feito carne do Espírito e Maria e virgem e tornou-se homem. Ele foi
crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, sofreu e foi sepultado. Ele ressuscitou
novamente ao terceiro dia, de acordo com as Escrituras, e ascendeu aos céus.
Ele assenta-se à mão direita do Pai e vira novamente com glória para julgar os
vivos e os mortos. Seu reino não terá fim;
E no Espírito Santo, o Senhor e doador da vida, que
procede do Pai. Junto com o Pai e o Filho ele é adorado e glorificado. Ele
falou através dos profetas; e em uma santa igreja católica e apostólica.
Nós confessamos um batismo para remissão dos
pecados. Nós aguardamos a ressurreição dos mortos e a vida da era que virá.
Amém.
Três heresias condenadas, foram condenadas em Constaninopla:
1.
Arianismo. O credo contém três de quatro frases antiarianas
de Nicéia. No ano seguinte, outra reunião de bispos em Constantinopla escreveu
a Roma, eles resumiram a fé do concílio de 381 como crença em “um Ente Supremo,
poder e substância do Pai, o Filho e o Espírito Santo cuja dignidade é igual e
majestade coeterna que estão em três perfeitas hipóstases ou três perfeitas
pessoas.” Este foi um sumário apropriado à doutrina capadociana da trindade.
2.
Macedonianismo. Trinta e seis dos bispos que foram ao
concílio eram macedônios: criam na deidade do Filho, mas afirmavam que o
Espírito Santo é uma criatura. Uma tentativa foi feita de convencê-los da
verdade. O credo afirma a deidade do Espírito Santo, mas apenas por implicação.
Ele mantém frases bíblicas, exceto pela afirmação que é adorado e glorificado
junto com o Pai e o Filho. Ele não é diretamente chamado “Deus”. A despeito
desta abordagem diplomática, os bispos macedônios abandonaram o concílio.
3.
Apolinarianismo. Apolinário, que negava que Jesus tivesse uma
alma humana, foi condenado em Roma em 377, também foi condenado no concílio.
O Concílio de Constantinopla foi considerado
o segundo dos concílios ecumênicos. Seu credo pode não ter persuadido os
macedônios naquela época, mas transformou-se no mais ecumênico dos credos da
cristandade. Este é o único credo que é usado largamente tanto nas igrejas do
oriente como do ocidente, mas com uma importante diferença: No oriente a crença
era que o Espírito Santo procede do Pai através do Filho. Esta pequena
diferença verbal reflete uma diferença latente em abordar a doutrina da
Trindade. No ocidente, tornou-se costume acrescentar as palavras “e do Filho” [filioque em latim] ao credo. Roma
sempre foi cautelosa e conservadora, mas finalmente ela seguiu o exemplo no
século onze e também acrescentou a palavra filioque, isto ajudou a precipitar
o rompimento de relações entre Roma e Constantinopla em 1054.
O Concílio, em seu terceiro cânon (lei ou
edito), criou uma fonte importante de futuro conflito: “O bispo de
Constantinopla deve ser honrado logo após o bispo de Roma, porque Constantinopla
é a nova Roma.” Este cânon foi impopular em Roma porque implicava que a
supremacia de Roma era baseada em sua posição como capital secular, por esta
época os bispos de Roma estavam começando a reivindicar uma posição especial
como sucessores de Pedro. O cânon agradou ainda menos em Alexandria, que antes
havia sido a segunda sede episcopal ou bispado, depois de Roma. Os bispos de
Alexandria, que eram ambiciosos e imensamente poderosos, não perderam a
oportunidade de humilhar os bispos de Constantinopla, que tinham pouco poder,
apesar de seu status teórico. Isto pode ser visto no caso de João
Crisóstomo, no ataque de Cirilo de Alexandria sobre Nestório, e na luta
anterior ao Concílio de Calcedônia em 451.
O Concílio afirmou tanto que Jesus Cristo
era plenamente Deus (contra Ário) e plenamente homem (contra Apolinário), mas
como pode ser ele tanto plenamente Deus como homem?
Apareceram então duas respostas erradas a
esta questão: a) Da escola de Antioquia veio Nestório, dividiu Jesus Cristo em
Deus o Verbo e Jesus o homem. Seu opositor era Cirilo e Nestório foi condenado
no Concílio de Éfeso (431). b) Depois de Nestório, veio Êutico, da escola de
Alexandria, buscava manter a unidade de Jesus Cristo tornando indistintas a sua
humanidade com sua deidade. Recebeu a oposição de Leo e foi condenado no
Concílio de Calcedônia (451).
Devemos reconhecer que a pessoa de Jesus
Cristo é e deve continuar sendo um mistério? Os pais antigos não foram
inocentes por tentar compreender o incompreensível e desvendar o inescrutável?
Não, seu propósito não era explicar a encarnação ou remover todos os mistérios, mas defini-la. Como estas quatro
heresias principais prejudicavam elementos centrais da doutrina da encarnação,
a igreja foi forçada a esclarecê-las sucessivamente. O propósito era defender a doutrina de negação,
não para explicá-la de tal modo a eliminar o mistério. Se qualquer uma destas
quatro heresias houvessem alcançado a vitória, seria um quadro distorcido de
Jesus Cristo que teria sido transmitido a todos nós.
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